- Área: 5092 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Ramiro Sosa
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Fabricantes: Abelson, Arienclima, Armaferro, Aserradero Vagol, Calera Buenos Aires, Calera Congreso, Cerámica Ctibor, Compañía Esteban, Energy Safe, FADE Ingeniería, Navarro Ache, PERI, Se-Co Servicios Constructivos, The Flooring Company
Descrição enviada pela equipe de projeto. A síntese projetual para o edifício residencial JA1205 surge da conformação de dois volumes com quatro pavimentos cada um, implantados na parte frontal e posterior do terreno, um lote de três frentes entre empenas, no bairro de Palermo, Buenos Aires, Argentina.
Os volumes foram organizados com o objetivo de receber um total de trinta e oito unidades - de um, dois, três e quatro ambientes -, distribuídas entre o primeiro e o quarto andar. A combinação de diversas tipologias residenciais parte da busca pela individualidade de cada uma dentro do conjunto, a ideia de casa própria em um contexto coletivo. Outra decisão de projeto foi deixar o térreo livre de unidades, o que permitiu alojar dois locais comerciais, respondendo às características do bairro, com acessos de pedestre e veículos e áreas de uso comum, como piscina, academia, sauna e sanitários.
O projeto consolida a frente disponível e se incorpora na dinâmica comercial e viva do bairro em seu térreo, além de dar escala a partir do vazio e pé-direito duplo do acesso. Atrás desse primeiro bloco aparece o pátio central coletivo, com as áreas comuns de piscina e academia que antecedem o segundo corpo.
Ambos os volumes se vinculam entre si através de um sistema de passarelas para pedestres semi-cobertas. Dessa forma, se atinge uma circulação contínua de transição entre o espaço interno e o externo. Da mesma forma se relaciona o vazio central -três pátios que satisfazem as necessidades de iluminação e ventilação- com o entorno urbano, otimizando o modo de habitar uma residência contemporânea urbana de média densidade. O vazio, o nada e o ar ao redor das coisas, são os elementos que criam o espaço e a presença. Não se trata simplesmente de um vazio, ou da ausência de conteúdo, mas de um espaço consciente, um respiro que permite valorizar as outras partes da obra, ou inclusive criar novos significados. Esse espaço não pode ser entendido por si mesmo, sempre deve ser lido em relação com seu contexto: os elementos presentes delimitam o espaço vazio. Nesse sentido, a compreensão do pátio permite a consciência simultânea da forma e da contra-forma. O sistema de adição carrega implícito o sistema de gradação, onde cada unidade transmite informação para a próxima, tensionando o vazio que contêm. Luz e escuridão, natureza e arquitetura, público e privado, casa e cidade, um mundo e outro, são opostos que se dissolvem até criarem um sistema gradual e contínuo.
O grande pátio central é o elemento que estrutura o conjunto, que conforma uma "vizinhança" de 38 unidades residenciais particulares e singulares, diferentes umas das outras, ao redor de um pátio comum que funciona como átrio. A espacialidade interna dos três pátios contribui para a criação de uma paisagem própria. O acesso a cada residência se da através de um percurso ameno, luminoso e espacial, permitindo muitas vezes o contato com os vizinhos, substituindo o típico núcleo fechado por circulações verticais e horizontais abertas, permitindo diversas vistas. A alternância de plantas de diferentes tipologias cria uma dinâmica mutável nesse espaço. A variedade de apartamentos aceita formas de vida menos padronizadas e mais diferentes, assim como uma nova convivência de diversos tipos de grupos familiares.
As unidades do conjunto são -segundo a imagem concebida na busca por um habitar contemporâneo - sintéticas e de características refinadas. Algumas possuem o valor próprio da varanda como elemento de expansão direta até o espaço urbano; outras o fazem através de pátios ou terraços. Esta ideia de expansão é característica no projeto e se consolida através da incorporação de áreas verdes e piscinas privadas nas varandas.
Encontrou-se na assimetria e na desigualdade o caminho para a ordem. O desenho das fachadas, as dimensões mínimas e números ímpares, são o reflexo da uma natureza que é, precisamente, perfeita em sua imperfeição. E é precisamente através dessas linhas simples que a arquitetura é capaz de sugerir, e não revelar, de dotar de um ar de mistério tudo aquilo que não é evidente. A obra convida a ser descoberta através de um desenho cheio de equilíbrio que transmite tranquilidade e silêncio, no qual predomina a ausência do desnecessário.